sábado, 22 de janeiro de 2011

Teurgia - a Doutrina da Alta Magia




Em seu estado mais elevado e, por conseguinte o melhor, a Magia resulta na aplicação de uma teoria relevante da ‘matéria iniciática’. Exposta em linguagem moderna, tal teoria é a seguinte:

A iniciação, no referente ao ensino filosófico, constituído de maneira lógica e racional, considera o Universo esférico.

Sendo a terceira dimensão a última que, na escala das ‘potências matemáticas’ pudesse permitir, ordinariamente, a representação do espírito humano, o Universo – ou ‘tudo que existe’ – é concebido como comprimido no interior de uma esfera, quer dizer, na figura geométrica apresentando o máximo de volume.

Estendendo a concepção ao extremo, esta esfera universal tem o infinito por periferia.

Os mundos estelares, compostos de uma estrela central (única ou múltipla) e de diversos planetas – movem-se no interior da esfera universal, pelo efeito das forças cósmicas.

Os seres de cada planeta – seres de cada reino da Natureza e de toda espécie – são constituídos e organizados em virtude da ação energética do astro que os carrega. Eles vivem – dotados de vida latente como os minerais ou de vida efetiva, como os vegetais e animais, segundo suas maiores ou menores possibilidades de movimento próprio – sempre em função de uma ação energética que, tendo sido extraída do astro que os carrega, lhes pertence, química e biologicamente, como coisa particular. Eles se reproduzem – caso permita suas condições de vida – igualmente, em razão da energia de que o organismo dispõe.

Existe então um encadeamento de seres – isto é, de ‘coisas que existem’ e de ‘modalidades de seres’ – em seguida o ser mais vasto, chamado Universo, indefinido em sua composição e infinito em sua configuração, passando pelos complexos estelares (que são definidos) e os planetas onde o concreto se torna tangível para quem quer que o habite, até o ser – seja ele organizado ou não – existente em um astro qualquer.

Tal encadeamento de seres, portanto, implica em movimento – não apenas para que cada um se desloque, mas também para que cada um seja construído ‘atômica e celularmente’, que cada um se desenvolva, evolua e se reproduza (caso seja necessário). E o movimento supõe uma energia motriz.

Nestas condições, em correlação com o encadeamento de seres no Universo, existe um encadeamento de forças, cujo caráter geral é cósmico.

Todavia, se existe um encadeamento de forças cósmicas no Universo – como uma espécie de rede, distribuindo energia por toda parte – necessária se torna a suposição de uma ‘usina central’ (como falamos comumente hoje em dia), que tenha o papel de ‘fonte de energia’.

Não é difícil conceber-se tal idéia, em vista da construção geométrica da esfera, porque toda esfera tem um centro, necessariamente. Essa ‘usina central’, como é lógico, só poderia encontrar-se no centro e, de qualquer modo ela existe.

Menos fácil de imaginar é a composição, o funcionamento dessa ‘ usina central’. A Kabalah hebraica resolveu o problema em uma palavra: ela declara que isto é Ain Soph, em outra palavra, inconhecível. Em linguagem industrial, poderíamos dizer: ‘entrada proibida’.

Assim, ela precisa a natureza dos segredos que o Epopta deve conhecer, para lhe ser permitida a entrada... É preciso que o indivíduo seja qualificado para entrar – da mesma forma que a proibição de passagem por uma porta, não interdita aqueles que têm esse direito... possuindo qualificação para cruzá-la. No entanto, a quantidade de chaves a possuir se traduz por uma quantidade de saber, naturalmente dependendo da inteligência do iniciado.

Quando este for considerado apto para compreender, ele compreenderá, mais ou menos bem, em especial se fez suas lições e as reteve na memória, podendo-se servir-se das mesmas com maior ou menor grau de destreza.
Em verdade, não basta apenas possuir as chaves que abrem as fechaduras ou conhecer as ‘palavras’ que permitem sua abertura – é preciso saber como manobrar cada chave .

Seguindo nisto, os gregos deram o nome de théos à ‘causa primeira da energia universal’. A raiz da palavra é DIF, com um digamma (sexta letra do alfabeto grego arcaico); dela se originou o latim divus, Deus,...; em sânscrito , produziu Deva...

Esta raiz evoca a idéia de clarão (na luz), portanto, de dia (no concernente à claridade) e, tendo fornecido o grego Zeus , dá também uma idéia de divindade.

Nisto consiste toda a teoria da Magia. O clarão da luz e aquilo a que os homens chamam de dia originam-se comumente, sem contestação possível, da luminosidade que o Sol esparge sobre a Terra.

O que o sol possui é uma manifestação de energia. 

Ao ser dado o nome de théos à fonte primeira de energia, cada fonte secundária será tomada um théos, isto é, uma divindade, porque o apelativo assume caráter genérico.

Daí a pluralidade dos deuses, quando paramos no panteísmo; daí, ainda, a multiplicidade das divindades inferiores, que se deve imaginar a fim de serem caracterizadas as fontes de energia derivadas, existentes na Natureza terrestre...”

fonte
FAM – Formulário de Alta Magia – P.-V.Piobb – editora Francisco Alves

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