sexta-feira, 24 de junho de 2011

Incesto - um direito paterno

>fuçando achei um arquivo em pdf de horrorizar que está postado no final desse arquivo



é sobre os direitos da infância e adolescência
e estudos feitos principalmente no Rio Grande do Sul
onde foi constatado os abusos sexuais contras as crianças
são sempre feitos dentro de casa e na maior parte das vezes pelo pai

são vários relatos de fatos verídicos de deixar qualquer um tonto


pg.10
Violência doméstica

Um dos maiores obstáculos ao direito à convivência familiar está dentro da própria família: é a violência que acontece dentro de casa, alheia às estatísticas e, quase sempre, oculta na cultura da intimidade inviolável da vida privada que impera em nossa sociedade e que é responsável, em grande parte, por verdadeiras tragédias cotidianas que vão dos maus tratos ao abuso sexual e até à morte.


Menino foge das surras do pai

Em 10 de março de 1997, a CCDH recebeu denúncia de que o menino M.R.P., de 10 anos, que fugiu da casa de seu pai por ser vítima de maus-tratos, estava desaparecido há aproximadamente 90 dias. Sua irmã, D.R.P., de 13 anos, continuava na casa de seu pai, em Portão (RS), subnutrida e maltratada, obrigada a trabalhar sob pena de ser surrada.
...

Violência Sexual

Nos dias 9, 10 e 11 de novembro de 1997, o jornal Zero Hora publicou uma série de reportagens sobre, que despertaram a necessidade de discussão do problema e a criação de propostas de combate à violência contra as crianças e os adolescentes, que reproduzimos a seguir, na íntegra.


“A face obscura da família gaúcha"
09/11/97 Eliane Brum
Com esta matéria, o jornal Zero Hora vai revelar aos seus leitores a anatomia de um crime. Entre as quatro paredes do lar, no seio da família, crianças e adolescentes têm sido profanadas. É o o maior e mais antigo tabu. Um mal que só pode ser barrado se for descoberto, denunciado e tratado.

Para seguir a rota da infância traída, uma equipe de ZH percorreu 7,5 mil quilômetros durante um mês pelo Rio Grande do Sul. O resultado desta viagem pela degradação humana começa a ser apresentado hoje.



Os nomes das vítimas foram omitidos para impedir sua identificação.
Um holocausto silencioso está destruindo crianças e adolescentes no Rio Grande do Sul.
Incesto é o seu nome. O tabu antigo, semeador de tragédias em todos os cantos do mundo, chega ao final do milênio impronunciável e devastador como sempre. O rastro deste crime familiar é traçado no Estado pelos registros das delegacias de polícia, pelas ocorrências acumuladas nos conselhos tutelares.

Em cada município gaúcho, entre fábricas ou lavouras, no interior de favelas ou nos condomínios de luxo, crianças têm seu corpo violado justamente por quem deveria protegê-las. É a face obscura da família gaúcha.

O tamanho deste drama foi investigado pelo médico-geneticista Renato Zamora Flores, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em sua tese de doutorado defendida em setembro.

Depois de analisar mais de 5 mil ocorrências de
incesto nos últimos 10 anos, Flores chegou a uma conclusão estarrecedora: uma em cada cinco gaúchas é sexualmente abusada por familiares antes de completar 18 anos. Uma estatística semelhante à dos países da Europa e da América do Norte, que estimam em 20% a fatia da população feminina vitimada pela violência sexual. Se Flores estiver certo, significa que 1 milhão de gaúchas foram - ou ainda serão - violadas por seus parentes.

‘O estupro cometido por estranhos é quase uma lenda no Rio Grande do Sul’, afirma a comissária Geromita Barrada, da Delegacia da Mulher de Porto Alegre, depois de quase 30 anos ouvindo o drama de meninas estupradas por familiares. ‘O perigo mora em casa.’ Tão perto que 85% dos abusos sexuais levados aos conselhos tutelares do Estado são cometidos por parentes.




‘O estupro cometido por estranhos é quase uma lenda no Rio Grande do Sul’, afirma a comissária Geromita Barrada, da Delegacia da Mulher de Porto Alegre, depois de quase 30 anos ouvindo o drama de meninas estupradas por familiares. ‘O perigo mora em casa.’ Tão perto que 85% dos abusos sexuais levados aos conselhos tutelares do Estado são cometidos por parentes. Sob a denominação moderna de abuso sexual - uma expressão que tanto pode significar sedução por estranhos como por parentes, tanto expor a criança a cenas de sexo na TV como violentá-la - o incesto aparece mascarado nas estatísticas. Mas é a família a grande ameaça à infância.

incesto é uma engrenagem alimentada por inocentes, que se repete de geração em geração. Só pode ser barrado se for descoberto, denunciado e tratado. Os casos mostram que a maioria das vítimas cresce e se transforma em algoz. E seus filhos violados crescerão e provavelmente violarão seus rebentos. É rigorosamente isso que tem acontecido no Rio Grande do Sul - e no resto do mundo - por séculos, no mais absoluto segredo.

Na fronteira do Brasil com a Argentina, no município de Uruguaiana, os homens que seduzem suas filhas ganharam um nome ainda no tempo das escaramuças com os espanhóis: ‘cruzeira’. O nome foi tomado emprestado de uma das serpentes mais peçonhentas do sul do continente. Reza a lenda que o réptil mal espera os filhotes abrir os olhos para a imensidão da campanha e devora-os. O mito é recusado pela ciência, mas se espalhou como rastilho de pólvora pela região do Prata.


Passaram-se 300 anos, mas pouco mudou. À beira das águas barrentas do rio Uruguai, mãe e filha se abraçam unidas pelo sangue e por uma história brutal. E., a mãe, foi violentada aos nove anos pelo próprio pai. Na cidade todos sabiam que o bolicheiro criava as filhas para o próprio leito, mas silenciavam ancorados por ditados da idade do mundo: ‘O lar de um homem é seu castelo’ ou - ainda mais explícito - ‘Quem come do meu pirão, prova do meu cinturão’. ‘Quando eu tinha 12 anos senti uma coisa se mexendo na minha barriga e achei que era lombriga’, conta E., hoje com 37 anos. ‘Era um bebê do meu pai.’

Mais tarde E. casou com um xangueiro (biscateiro num lado e outro da fronteira). Ele também era um ‘cruzeira’. Quando a filha primogênita tinha nove anos, foi violentada pelo próprio pai e engravidou, seguindo o destino da mãe. Pesquisas mostram que como E., grande parte das mulheres violadas por familiares acaba casando com homens que mais tarde repetem a história de sedução com as próprias filhas.

Somente de 5% a 10% destes cordeiros imolados no seio da própria família, conforme o trabalho de Flores, conseguem denunciar a violência. É assim que na penumbra de lares perigosos, parte da infância gaúcha tem sucumbido no mais criminoso silêncio.

...

Eu tinha cinco anos quando passei uma noite na casa do meu tio. Ele me colocou na cama dele, tirou a minha roupa, passou a mão em mim. Eu não consegui gritar. E a partir dali sempre fiquei paralisada perto dele. Aos nove, meu tio me levou até uma cachoeira na fazenda do meu avô. E lá de novo abusou de mim, falou que incorporava e era uma entidade que estava ali. Aos 17, estávamos todos numa festa de família, no lado de fora da casa. Eu voltei para ir ao banheiro. Meu tio me esperava na saída. Me pegou a força. Me lembro da dor e do perfume que ele usava: Tabu. Quando soube que estava grávida, tentei me matar. Nunca contei de quem era, me chamaram de vagabunda. E nunca mais consegui me aproximar de homem nenhum...



A gestação da serpente

Preparando o almoço, a mãe viu a cena pelo espelho: a filha de quatro anos colocando o preservativo em F. (foto), o irmão de 16. Depois, choramingando porque queria ver o programa da Angélica, masturbou o garoto. Era 15 de maio. Desde então, F. é ‘o monstro’ para a família de Rio Grande.

Esquecem que por trás dos olhos de serpente há um adolescente assustado e uma longa gestação.

Desde os dois anos, ele era submetido a violações pelo próprio pai, um homem que dava balas para garotinhas masturbá-lo e tentou violentar uma prima de 10 anos. ‘Está doendo muito, mãe, o pai me machucou’, gritou o menino no banheiro um dia.

Quando o pai partiu, ele foi despachado para a casa da bisavó materna. ‘Tu és igual ao ladrão do teu pai. E tua mãe te odeia’, repetia diariamente a mulher.

Incapaz de se relacionar com outras crianças, F. dedicou sua meninice a afogar gatos, arrebentar pássaros e, quando cresceu o suficiente, espancar também a bisavó. Só voltou a ver o pai aos 15 anos, quando abusou da meia-irmã de três anos.

Foi despachado para a casa da mãe, onde viveu isolado, sempre desconfiado de que riam dele, furtando pequenos objetos. E violando a irmãzinha com cabelos de anjo. ‘Ele é um monstro’, diz a mãe. ‘Todo mundo ficaria melhor se ele estivesse morto’, assegura o padrasto. Aos 16 anos, sem um Frankenstein para culpar, F. é um monstro solitário.



A anatomia do abusador

O abusador sexual não tem cara. Ele pode ser qualquer um. Depois de quase uma década ouvindo homens que violaram filhas, sobrinhas, irmãs e netas, o coordenador do Ambulatório de Maus-Tratos de Caxias do Sul (AMT), o psicólogo e professor da Unisinos Renato Caminha, traçou um perfil assustador porque comum demais: geralmente o abusador tem padrões morais e religiosos rígidos, uma vida regrada fora de casa, comportamento agressivo com a família e perturbações sexuais - como não conseguir fazer sexo com sua esposa ou mesmo com qualquer pessoa adulta. O álcool aparece como um companheiro fiel do
incesto: não determina, mas facilita.

‘O agressor sexual geralmente é um bom cidadão, um bom sujeito’, afirma Caminha. ‘Por isso, às vezes é tão difícil acreditar que ele foi capaz de cometer o abuso sexual.’ Um caso emblemático foi atendido em Porto Alegre pelo geneticista Renato Flores: aos 16 anos, a filha mais velha de um respeitado líder comunitário da Capital apareceu grávida, afirmando que a criança havia sido gerada pelo pai. Jurando inocência, o acusado recebeu solidariedade de amigos, da associação comunitária que dirigia e até de políticos municipais. Mas o exame de paternidade acabou provando que a filha tinha razão. Enquanto aguardava julgamento na cadeia, o pai morreu de enfarte.

A maioria dos abusadores, mais de 95% segundo as pesquisas, são homens. O comportamento mais violento do homem - historicamente detentor do poder e da força dentro da família - é uma das principais hipóteses para explicar a predominância masculina. Mulheres abusadoras são uma raridade. Entre as quatro paredes do lar, os grandes sedutores do
incesto são pais e padrastos.

Uma pesquisa realizada em São Paulo, em 1988, revelou que 68,6% dos agressores são pais biológicos e 29,8% padrastos - justamente as duas figuras que estão no lugar de maior poder na estrutura familiar. Quase 50% têm entre 30 e 39 anos e mais da metade é casado.


Meninas ... não estão sozinhas na devassidão dos parentes. Apesar de preferidas no desejo doentio de familiares, pesquisas mostram que o número de meninos violados pode chegar a um terço dos casos.

São garotos como J., morador da zona sul de Porto Alegre. Ele é filho de um homem que é seu pai e também seu avô. Sua mãe foi estuprada pelo próprio pai aos 16 anos, e o gerou. Aos oito anos e cinco meses, J. foi violentado pelo pai-avô. Ele tem hoje 10 anos.

‘Além de todo o trauma, os meninos ainda sofrem com um outro estigma, o do homossexualismo’, analisa o psicólogo Christian Kristensen, que fez seu mestrado na UFRGS sobre abuso sexual de meninos.

‘Precisam lidar, além da violação, com a suposta perda da masculinidade associada à violência a que foram submetidos.’

Pesquisas realizadas nos Estados Unidos e na Europa provam que crianças abusadas são 10 vezes mais suscetíveis a retardo mental. Mais da metade das mulheres internadas por problemas psíquicos foi agredida sexualmente no passado.

É o
incesto que está por trás da maioria das prostitutas e michês infantis. ‘Pelo menos na rua eu escolho quem vai ficar comigo’, desabafou uma prostituta de 12 anos no centro de Uruguaiana. ‘Em casa, tenho de agüentar o nojento do meu pai.’

Vítimas de
incesto apresentam o que os especialistas chamam de transtorno de estresse pós-traumático: o impacto do abuso sexual é tão terrível que, como forma de se defender, as crianças rompem com a realidade e adotam um comportamento psicótico. ‘Ser vítima de incesto causa um impacto psicológico apenas igualado ao de ter sido preso em campo de concentração ou sobreviver a uma queda de avião’, afirma o geneticista e professor da UFRGS Renato Zamora Flores. ‘Não é necessário que haja uma relação sexual completa, o que está em jogo é a quebra de confiança entre alguém mais frágil e aquele que se aproveita de uma posição de poder para obter recursos sexuais.’



Prostituta adolescente

J. tem 15 anos. Foi estuprada pelo pai aos oito. E culpada pela mãe até hoje. Nem a menina nem a mãe jamais tiveram tratamento. A garota já entrou em coma numa tentativa de suicídio e, desde o ano passado, se entrega por R$ 30 a um homem casado, de 60 anos, nos motéis do município de Ijuí, no noroeste do Estado.

‘Foi no dia 10 de janeiro de 1990 que o pai me pegou. Eu nunca esqueço porque sempre quero morrer neste dia. Antes disso ele já tinha tentado me violentar duas vezes. Fiquei três dias com dores e hemorragia.

Aí a mãe ficou com medo, me levou à polícia e ele pegou 20 anos de cadeia. Fiquei um mês no hospital. Sabe, eu queria casar, ter uma casa e uma família. Acabou tudo. Parei de estudar na 3ª série porque os colegas descobriram.

Cheguei a arrumar um namorado, mas quando ele soube me largou. Com 11 anos um cara me violentou no mato, dizendo que até o meu pai me pegava. Mas o pior é a minha mãe. Ela fica berrando que eu sou culpada pelo que aconteceu. Diz que fui eu que seduzi o meu pai. Eu digo para ela que posso ter corpo de mulher, mas ainda sou criança. Peço para a mãe me dar carinho, mas desde que o pai me estuprou ela não consegue tocar em mim. Conheci este velho e sobrevivo com o que ele me dá. Dá nojo, mas eu não tenho futuro mesmo. Para mim, só resta morrer.’



Ao contrário da crença geral, o incesto não aproxima os seres humanos dos animais - nem transforma o homem numa besta. A freqüência de relações incestuosas entre a maioria das espécies de aves e mamíferos, conforme pesquisas na área da biologia e da genética do comportamento, é de apenas 1% a 2%.

Entre os homens, não há uma medição deste tipo, mas os cientistas acreditam que pode chegar a 20%. Em algumas famílias de bichos, as fêmeas deixam de ovular quando só há parentes disponíveis para a procriação, movidas pelo instinto de que o sexo entre iguais enfraquece a espécie e reduz suas chances de sobrevivência.


‘O incesto é essencialmente humano’, 
afirma Flores. 
‘E isso é o que parece assustar as pessoas.’

para baixar o PDF na íntegra

domingo, 19 de junho de 2011

O porquê do fundamentalismo

por
Ricardo Gondim

http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=61&sg=0&id=2402

Ao terminar o culto, notei um rapaz, aparentando não mais que 25 anos, entre os que desejavam conversar comigo. Trajava um terno escuro, gravata sóbria e camisa bem engomada. Era meio-dia. O calor insuportável dava uma sensação de desconforto só em vê-lo apertado sob tantas camadas. Ele queria conversar sobre teologia. A hora era imprópria e havia mais algumas pessoas pedindo atenção. 
Sugeri que me procurasse durante a semana para um bate-papo mais calmo. Dito e feito. Na quarta-feira à tarde, José Antônio (nome fictício) estava em minha sala, novamente trajado com seu paletó grafite.

Logo nas primeiras frases, ficou claro que ele não fazia perguntas. Pela entonação dos questionamentos, bastava trocar os pontos de interrogação por exclamação e eu era severamente exortado. Vez por outra colocava o dedo em riste e pontificava como se acabasse de levantar da cadeira de Moisés. Tive pena daquele rapaz, tão jovem e tão caduco. Não julgo suas verdades, apenas me inquieto com sua postura rancorosa, anacrônica e trancada ao diálogo.

Os estudiosos deste tempo são unânimes em afirmar que experimentamos o recrudescimento do fundamentalismo. Não trato o fundamentalismo como uma categoria teológica, mas como uma atitude comportamental. O mundo experimenta uma crescente animosidade nas discordâncias. 

As pessoas se entrincheiram com seus argumentos, não ouvem o arrazoamento dos outros e, ao se sentirem ameaçadas, partem para algum tipo de violência. O fundamentalismo tem se mostrado exuberante na radicalização ideológica dos Estados Unidos, tanto da esquerda como da direita, no isolamento de facções islâmicas e nos preconceitos entre movimentos cristãos, no xenofobismo europeu e nos nacionalismos africanos.

O fundamentalismo não respeita fronteiras de qualquer espécie -- geográficas, cronológicas ou culturais. Um jovem, que ainda não amadureceu sua reflexão, pode ser mais intolerante que um idoso, já bem enraizado em suas convicções. Eu ouvia o José Antônio e pensava: “Este rapaz lê pouco e, quando o faz, nunca terá coragem de aprender com quem não tem a chancela de sua igreja”.

Os fundamentalismos não aceitam contribuição de quem não comunga com os mesmos signos, com os mesmos cacoetes de seu grupo. Os diferentes podem até tentar comunicar alguma verdade, mas serão rechaçados por não serem identificados como “um dos nossos”. Romancistas, músicos, poetas e místicos de outros arraiais estão impedidos de ajudar um fundamentalista a arejar sua mente.


Fundamentalistas desprezam conteúdos e se espantam com rótulos. Aliás, lideranças fundamentalistas adoram xingar com estereótipos. Etiquetam uma pessoa como herege para que seus argumentos fiquem sob judice antes de serem articulados. O pavor de deixar-se contaminar por um apóstata encerra qualquer diálogo. 

José Antônio tentava me persuadir de que o futuro da fé cristã jaz no passado. “Temos que voltar”, repetiu várias vezes. Como eu sabia que qualquer iniciativa de estabelecer uma conversa seria frustrada, apenas pensei: “Mas, voltar ao quê?”. 

A idealização do passado é arma bastante usada por aqueles que enxergam a coragem de pensar fora da caixa como pecado mortal. Veneram teólogos do século 17 como autênticos instrumentos de Deus e consideram os atuais pretensiosos por desejarem articular teologia para sua geração. Mal sabem que muito do que se considera ortodoxo hoje, soou esquisito para alguém do passado.

Depois de quase cinquenta minutos de monólogo, antes que José Antônio tomasse fôlego, consegui dizer que Jesus Cristo foi relativista. Ele relativizou a lei em nome da misericórdia ao perdoar uma mulher apanhada em adultério; relativizou a tradição ao curar no sábado; relativizou sua própria proibição de alcançar os gentios ao atender ao pedido de uma mulher aflita devido à doença da filha. José Antônio arregalou os olhos quando eu disse que Jesus foi um vanguardista. Ele estava à frente do seu tempo quanto à valorização da mulher e o trato com a riqueza.

Minha cartada final, que escandalizou até os fios de cabelo de José Antônio, foi quando eu disse que nem ele nem eu podemos nos arvorar de ter toda a verdade. Jesus afirmou: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8.32). 

Porém, há pelo menos três verdades para conhecermos, todas inexauríveis: a pessoal, subjetiva, a externa, do mundo, e a de Deus, transcendente. Quem se aventurar a conhecer a si, o mundo que o rodeia e a Deus, deve saber que nunca chegará à sua meta.


Abracei afetuosamente José Antônio quando nos despedimos, mas temi por sua alma. Vi que ele corria o sério risco de perpetuar uma fé amarga, obtusa e, crescentemente, isolada. No escanteio e sem credibilidade, seu cristianismo parecerá com o sal que perdeu seu sabor. Torço para que a geração que me sucederá seja tão assustadoramente revolucionária como foi Jesus de Nazaré.

Soli Deo Gloria
29-04-11

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Sincronicidade

No Livro -  Dinâmica do Inconsciente - parágrafo 850, assim escreve Jung:

"A sincronicidade,... significa, em primeiro lugar, a simultaneidade de um estado psiquico com um ou vários acontecimentos que aparecem como paralelos significativos de um estado subjetivo momentâneo e, em certas circunstâncias, tabém vice-versa...."

Dr.Jung define "Sincronicidade" como sendo "coincidências significativas" que ocorrem algumas vezes seguidas aparentemente sem conexão casual.. mas ligados por algum tipo de significado...

Como no caso do pudim de passas....

Pudin de Passas

Jung conta que Flammarion - grande astrônomo - certo dia estava a escrever sobre a atmosfera, escrevendo justamente sobre a força dos ventos quando de repente uma rajada de vento varreu de sua escrivaninha todos suas anotações ... (estamos falando de experiências ocorridas e comentadas por cientistas...)

O mesmo Flammarion cita como exemplo de tríplice de coincidência o episódio do pudim de passas:

"Um certo M.Deschamps, quando menino em Órleans, recebeu uma vez um pedaço de pudim de passas dado por um certo M.de Fontgibu.

Dez anos mais tarde descobre ele um outro pudim de passas num restaurante em Paris, e pede um pedaço.

Fica então sabendo que o tal já tinha sido encomendado por um tal M.de Fontgibu.

Vários anos depois M.Deschamps foi convidado para partilhar de um pudim de passas, como uma raridade especial.

Enquanto comia observou que desta vez só faltava a presença de M.de Fontgibu.

Neste momento a porta se abre e entra um senhor muito idoso e desorientado: M.de Fontgibu, que errara o endereço e irrompa por engano nessa reunião."

Pássaros

O Dr. Jung conta que uma paciente, que na ocasião da morte da mãe e da avó, um grande número de pássaros pousaram do lado de fora da casa...

Tempos depois, seu marido apresentou alguns sintomas que Jung pensou poder ser do coração... ele então foi ao cardiologista, fez exames, e tudo pareceu estar normal... não tendo sido encontrado nenhum distúrbio, e, voltava ele para casa do médico com os resultados dos exames quando teve um colapso no meio da rua...

Foi acudido e levado pra casa... enquanto isso sua mulher já se achava inquieta, pois logo depois que seu marido saiu pra ir ao médico, um bando de pássaros pousou nas imediações da casa... e completa Jung:

"...Se considerarmos que no Hades babilônico as almas trajavam "vestes de penas" e que no antigo Egito o ba, isto é, a alma, era concebido como pássaro*, não será forçoso admitir que se trata de um simbolismo arquetípo..."

* Em Homero as almas dos mortos esvoaçam "chilreando" - Odisséia, cantos XI, 22 e XXIV,5

Sobre as Experiências de Rhine

 Dinâmica do Inconsciente -  833

1 - primeiramente os experimentos consistiam em um experimentador  retirar uma série de cartas enquanto o sujeito de experimentação (SE), separado espacialmente do experimentador, tinha a tarefa de identificar os respectivos desenhos.

2 – depois a distância espacial entre o experimentador e o SE foi aumentada chegando a 350 km, constatando-se que a distância (perto ou longe) não influenciava nos resultados – provando, portanto, que não poderia ser um fenômeno de força ou energia, porque do contrário, a superação da distância e a difusão no espaço deveriam causar uma diminuição no efeito

3 – em um terceiro momento, os experimentos foram de leitura antecipada de uma série de cartas a serem retiradas no futuro, produzindo um número de acertos que ultrapassa os limites da probabilidade. “os resultados da experiência de Rhine com o tempo”, escreve Jung, “ ...aponta para uma relatividade psíquica do tempo, visto que se trata de percepções de acontecimentos que ainda não acorreram. Em tais circunstâncias parece que o fator tempo foi eliminado por uma função psíquica que é também capaz de eliminar o fator espaço.”

DI- 840

“... Nas experiências com o tempo e o espaço, respectivamente, esses dois

fatores reduzem-se mais ou menos a zero, como se o espaço e o tempo dependessem de condições psíquicas, ou como se não existissem por si mesmos e fossem produzidos pela consciência...”

esses experimentos nos apontam direto à Premonição

a diferença entre o Déjà vu e a premonição

é que na Premonição sabemos com antecedência um fato que irá acontecer

enquanto que no Déjà vu – só no momento é que nos damos conta de já sabíamos


quinta-feira, 2 de junho de 2011

Investir em Educação é contra a lei .

É lamentavel , mas  infelizmente é verdade...
São Leopoldo tem um dos menores índices de analfabetismo e de mendicância do país, talvez por causa de homens como este!
EMPRESÁRIO DE SÃO LEOPOLDO
Silvino Geremia é empresário em São Leopoldo, Estado do Rio Grande do Sul.
Eis o seu desabafo, publicado na revista EXAME:
"Acabo de descobrir mais um desses absurdos que só servem para atrasar a vida das pessoas que tocam e fazem este país: investir em Educação é contra a lei .
Vocês não acreditam?
Minha empresa, a Geremia, tem 25 anos e fabrica equipamentos para extração de petróleo, um ramo que exige tecnologia de ponta e muita pesquisa.
Disputamos cada pedacinho do mercado com países fortes, como os Estados Unidos e o Canadá.
Só dá para ser competitivo se eu tiver pessoas qualificadas trabalhando comigo.
Com essa preocupação criei, em 1988, um programa que custeia a educação em todos os níveis para qualquer funcionário, seja ele um varredor ou um técnico.
Este ano, um fiscal do INSS visitou a nossa empresa e entendeu que Educação é Salário Indireto.
Exigiu o recolhimento da contribuição social sobre os valores que pagamos aos estabelecimentos de ensino freqüentados por nossos funcionários, acrescidos de juros de mora e multa pelo não recolhimento ao INSS.
Tenho que pagar 26 mil reais à Previdência por promover a educação dos meus funcionários?
Eu honestamente acho que não.
Por isso recorri à Justiça.
Não é pelo valor em si , é porque acho essa tributação um atentado.
Estou revoltado.
Vou continuar não recolhendo um centavo ao INSS, mesmo que eu seja multado 1000 vezes.
O Estado brasileiro está completamente falido.
Mais da metade das crianças que iniciam a 1ª série não conclui o ciclo básico.
A Constituição diz que educação é direito do cidadão e um dever do Estado.
E quem é o Estado?
Somos todos nós.
Se a União não tem recursos e eu tenho, acho que devo pagar a escola dos meus funcionários.
Tudo bem, não estou cobrando nada do Estado.
Mas também não aceito que o Estado me penalize por fazer o que ele não faz.
Se essa  moda pega, empresas que proporcionam cada vez mais benefícios vão recuar..
Não temos mais tempo a perder.
As leis retrógradas, ultrapassadas e em total descompasso com a realidade devem ser revogadas.
A legislação e a mentalidade dos nossos homens públicos devem adequar-se aos novos tempos.
Por favor, deixem quem está fazendo alguma coisa trabalhar em paz.
E vão cobrar de quem desvia dinheiro, de quem sonega impostos, de quem rouba a Previdência, de quem contrata mão-de-obra fria, sem registro algum.
Eu Sou filho de família pobre, de pequenos agricultores, e não tive muito estudo.
Somente consequi completar  o 1º grau aos 22 anos e, com dinheiro ganho no meu primeiro emprego, numa indústria de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, paguei uma escola técnica de eletromecânica.
Cheguei a fazer vestibular e entrar na faculdade, mas nunca terminei o curso de Engenharia Mecânica por falta de tempo.
Eu precisava fazer minha empresa crescer.
Até hoje me emociono quando vejo alguém se formar.
Quis fazer com meus empregados o que gostaria que tivessem feito comigo.
A cada ano cresce o valor que invisto em educação porque muitos funcionários já estão chegando à Universidade.
O fiscal do INSS acredita que estou sujeito a ações judiciais.
Segundo ele, algum empregado que não receba os valores para educação poderá reclamar uma equiparação salarial com o colega que recebe.
Nunca, desde que existe o programa, um funcionário meu entrou na Justiça.
Todos sabem que estudar é uma opção daqueles que têm vontade de crescer...
E quem tem esse sonho pode realizá-lo porque a empresa oferece essa oportunidade.
O empregado pode estudar o que quiser, mesmo que seja Filosofia, que não teria qualquer aproveitamento prático na nossa  Empresa Geremia.
No mínimo, ele trabalhará mais feliz.
Meu sonho de consumo sempre foi uma Mercedes-Benz.
Adiei sua realização várias vezes porque, como cidadão consciente do meu dever social, quis usar meu dinheiro para fazer alguma coisa pelos meus 280 empregados.
Com os valores que gastei no ano passado na educação deles, eu poderia ter comprado Duas Mercedes.
Teria mandado dinheiro para fora do País e não estaria me incomodando com essas leis absurdas .
Mas infelizmente  não consigo fazer isso.
Eu sou um teimoso.
No momento em que o modelo de Estado que faz tudo está sendo questionado, cabe uma outra pergunta.
Quem vai fazer no seu lugar?
Até agora, tem sido a iniciativa privada.
Não conheço, felizmente, muitas empresas que tenham recebido o mesmo tratamento que a Geremia recebeu da Previdência por fazer o que é dever do Estado.
As que foram punidas preferiram se calar e, simplesmente, abandonar seus programas educacionais.
Com esse alerta temo desestimular os que ainda não pagam os estudos de seus funcionários.
Não é o meu objetivo.
Eu, pelo menos, continuarei ousando ser empresário, a despeito de eventuais crises, e não vou parar de investir no meu patrimônio mais precioso:
as pessoas.
Eu sou mesmo teimoso!...
Não  tem  jeito...

 
"No  futebol, o Brasil ficou entre os 8 melhores do  mundo e todos estão tristes.
Na  educação é o 85º e ninguém  reclama..."
EU  APOIO ESTA TROCA

TROQUE  01 PARLAMENTAR POR 344  PROFESSORES

O  salário de 344 professores que ensinam  = ao  de 1 parlamentar que rouba

Essa  é uma campanha que  vale a pena!

Repasso  com solidária revolta!
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