segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Consciente x Inconsciente.

O Dr. Jung define a base somática do ‘Eu’, constituída por fatores conscientes e inconscientes. Segundo ele, o ‘Eu’ funciona como que o centro da consciência, sendo o sujeito de todos os atos conscientes da pessoa, de todos os esforços de adaptação etc.

“A consciência é, em primeiro lugar, um órgão de orientação em um mundo de fatos exteriores e interiores...” diz Jung

1. Sensação – que constata que algo existe, é uma percepção geral, “Nós vemos, ouvimos, apalpamos e cheiramos o mundo, e assim temos consciência do mundo. Estas percepções sensoriais nos dizem que algo existe fora de nós. Mas ela não nos diz o que isto seja em si... sua natureza é menos psíquica do que fisiológica.”

2. Pensamento – “... Uma outra faculdade interpreta o que foi percebido. Denomino-a pensamento. Graças a esta função o objeto da percepção é assimilado e transformado muitíssimo mais em conteúdos psíquicos do que através da mera sensação.”

3. Sentimento – “... Uma terceira faculdade constata o valor do objeto. A esta função do valor dou o nome de sentimento... O sentimento coloca o sujeito e o objeto em tão estreita relação, que o sujeito deve escolher entre a aceitação e a recusa.”

4. Intuição – “Esta é uma função de percepção que compreende o subliminar, isto é, a relação possível com objetos que não aparecem no campo da visão, e as mudanças possíveis, tanto no passado como no futuro, a respeito das quais o objeto nada tem a nos dizer. A intuição é uma percepção imediata de certas relações que não podem ser constatadas pelas outras três funções no momento da orientação.”< “... Só há uma diferença essencial entre o funcionamento consciente e o funcionamento inconsciente da psique: a consciência, apesar de sua intensidade e de sua concentração, é puramente efêmera e orientada para o presente imediato e seu próprio ambiente. Além disso, ela só dispõe, pela própria natureza, de materiais da experiência individual, que recobre apenas alguns decênios. Outra espécie de memória é artificial e consiste essencialmente em papel impresso.

O Inconsciente
"Quão diferente é o inconsciente! Não é concentrado nem intensivo, mas crepuscular até à obscuridade. É extremamente extensivo e pode justapor paradoxalmente os elementos mais heterogêneos possíveis, e encerra, além de uma quantidade incalculável de percepções subliminares, o tesouro imenso das estratificações depositadas no curso das vidas dos ancestrais que, apenas com sua existência, contribuíram para a diferenciação da espécie.

Se o inconsciente pudesse ser personificado, assumiria os traços de um ser humano coletivo, à margem das características de sexo, à margem da juventude e da velhice, do nascimento e da morte, e disporia da experiência humana quase imortal de um a dois milhões de anos.

Este ser pairaria simplesmente acima das vicissitudes dos tempos.
O presente não teria para ele nem maior nem menor significação do que um ano qualquer do centésimo século antes de Cristo; seria um sonhador de sonhos seculares e, graças à sua prodigiosa experiência, seria um oráculo incomparável de prognósticos.

Ele teria vivido, com efeito, um número incalculável de vezes, a vida do indivíduo, da família, das tribos e dos povos e possuiria o mais profundo sentimento do ritmo do devir, da plenitude e do declínio das coisas.”

“Infelizmente, ou antes afortunadamente, este ser sonha... Parece também que este ser coletivo não é uma pessoa, mas antes uma espécie de corrente infinita ou quiçá um oceano de imagens e de formas que irrompem, às vezes, na consciência por ocasião dos sonhos ou estados mentais anormais.”

O Dr. Jung explica que a consciência pode ser explicada como sendo o foco de uma lanterna em quarto escuro, só o que está sendo iluminado é percebido, aquilo que não “aparece” e que não tomamos conhecimento é o inconsciente, mas, nem por isso é inexistente.

Isto nos remete diretamente a todos os conceito sobre o "esquecimento" das vidas passadas e sua possível recordação...
< DI – 382
“O inconsciente não se identifica simplesmente com o desconhecido; é antes o psíquico desconhecido, ou seja, tudo aquilo que, supostamente, não se distinguiria dos conteúdos psíquicos conhecidos...


Assim definido, o inconsciente retrata um estado de coisas extremamente fluido:
tudo o que eu sei, mas em que não estou pensando no momento;
tudo aquilo que um dia eu estava consciente,
mas de que atualmente estou esquecido;
tudo o que meus sentidos percebem,
mas minha mente consciente não considera;
tudo o que sinto, penso, recordo, desejo e faço involuntariamente e sem prestar atenção; todas as coisas futuras que se formam dentro de mim e somente mais tarde chegarão à consciência;tudo isto são conteúdos do inconsciente.

Estes conteúdos são, por assim dizer,
mais ou menos capazes de se tornarem conscientes,
ou pelo menos foram conscientes e no momento imediato podem tornar-se conscientes de novo.

Neste sentido, o inconsciente é a fringe of consciouness (uma franja da consciência), como o caracterizou, outrora, Willian James.”

Falando a respeito do campo da consciência diz James:
DI – 382

“O fato importante que lembra a fórmula deste ‘campo’ é a indeterminação da margem. Apesar da pouca atenção com que percebemos o material contido dentro dessa margem, ele existe e nos ajuda ao mesmo tempo a guiar nosso comportamento e a determinar o próximo movimento de nossa atenção. Ele nos circunda como um ‘campo magnético’ no interior do qual nosso centro de energia gira como uma agulha de uma bússola, à proporção que a fase presente se converte na seguinte. Todo o nosso acervo de recordações passadas se transfunde para além da margem, pronto para invadir o ‘campo’ do menor toque, e toda a massa de forças, impulsos e conhecimentos residuais que constituem nosso Si-mesmo* empírico se espraia continuamente para além da margem. Por mais vagas que sejam as linhas de separação entre o que é real e o que é virtual a qualquer momento de nossa vida consciente, é sempre difícil dizer se temos consciência ou não de certos elementos mentais.”


*Psicologicamente, o Si-mesmo é a unificação do consciente e do inconsciente, constituindo a totalidade psíquica.

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