sábado, 12 de outubro de 2013

Caldeirões e seus simbolismos...

Cerridwen, a porca branca, é reverenciada em Avalon como a Deusa Anciã. É a Deusa da transformação, cujo o caldeirão devemos adentrar para renascer. É a lavadeira do rio e a feiticeira, na face escura da Lua como Cailleach, e aqueles que não a entendem, geralmente a temem.

O caldeirão é o Graal para curar todos os males, que reaviva os mortos e cura os enfermos, no Outro Mundo. Cerridwen vive ao lado de um lago, em Avalon, sendo a detentora do Caldeirão da morte e do renascimento.

Avalon está associada a Caer Siddi, o Outro Mundo ou Annwn, a Terra dos Mortos e da Eterna Juventude.

Existia em Caer Siddi uma fonte onde jorrava vinho doce e onde envelhecimento e doença eram desconhecidos.

Entre os seus tesouros havia um caldeirão mágico, tema diretamente ligado à abundância existente na Ilha das Maçãs. (Ellis, 1992: 25; Geoffroy de Monmouth, Vita Merlini e Jean Markale, L'épopée Celtique en Bretagne).

Na mitologia céltica existem dois tipos de caldeirão: o caldeirão do renascimento e o caldeirão da abundância.

Dagda, pai de todos os Deuses, possuía um caldeirão proveniente da cidade de Múrias. Ao provar dele, ninguém passava fome, (Ellis, 1992:77).

Já Matholwch recebera o caldeirão do renascimento do Deus Bran e com ele era possível ressuscitar um morto, mas que perdia a capacidade de falar.


Havia ainda um terceiro caldeirão entre os celtas, o caldeirão do sacrifício, no qual os maus monarcas eram jogados.

É possível observar aqui, um sentido totalmente diferente dado à figura régia, que tem principalmente a tarefa de estabilizar a sociedade e que é descartada quando não cumpre bem suas funções.

O monarca é mais um “moderador ou distribuidor de riquezas que um detentor de poderes civis e militares”.

Representa um garantidor da abundância, sendo o rei que sobrecarrega os súditos de impostos, sacrificado, afogado numa tina de cerveja ou hidromel. (Le Roux e Guyonvarc'h, 1993:63)

essa lei bem que podia ser adotada né?... que acham? hehehehehe




O tema do caldeirão, mais tarde, deu origem ao mito do Graal, inicialmente nas obras de Chrétien de Troyes. Com a sua cristianização em fins do século XII, o conteúdo do cálice passou a ser o sangue de Cristo na cruz. Sangue, o conhecimento, o alimento da alma.

O Graal está relacionado à Pedra Filosofal, à Fênix e ao Caldeirão. O símbolo da Grande Mãe, a taça, o receptáculo da Deusa.

Analisando por esse princípio, Avalon é, com certeza, o seu representante direto, sendo suas sacerdotisas, as guardiãs dos segredos do caldeirão ou os segredos da tríplice divina. Esse é um assunto bastante polêmico, mas de grande importância, pois sua essência está ligada diretamente à descendência do sangue real ou ao despertar da consciência.

Podemos dizer que é o reencontro da unidade cósmica dentro do nosso templo sagrado, a nossa “sancta sanctorum”, ou seja, a nossa alma transmutando para uma nova realidade espiritual. Que assim seja!



E  todos  os demais caldeirões de todos os povos - índigenas e ciganos e orientais - possuem os mesmo significados... idêntico do acima descrito...

Esse é um Patrimônio da Humanidade que sempre existiu em todos os povos, religiões e nações...

Blavatsky afirma que não houve um único "fundador" de alguma religião.. o que os líderes religiosos - tais como Moisés - fizeram foi apenas traduzir para o entendimento de seu povo Tradições muito antigas... talvez mais antigas do que a própria Terra...

No I Ching - livro oracular milenar da China - também tem o seu Ting - Caldeirão - o Hexagrama n°50 - ali encontramos o seguinte texto:

"....O Caldeirão representa a superestrutura cultural da sociedade... Tudo o que é visível deve se expandir para além de si mesmo, até penetrar no âmbito do invisível. Desse modo alcança sua verdadeira consagração e clareza, enraizando-se fimemente na ordem cósmica...

... O Ting serve para oferenda de sacrifício a Deus. Os mais elevados valores terrenos devem ser oferecidos e sacrifício a Deus...
 

(aqui fica explicito que o Ting é um utensílio sagrado de cerimonial)

Nada transforma as coisas tanto quanto o Ting.

As transformações ocasionadas pelo Ting são por um lado as mudanças sofridas pelos alimentos ao cozinharem ...

o Ting significa a acolhida do novo... (e) também significa transformação..."


 Aqui o simbolismo se repete

O Ting é ao mesmo tempo

1 - objeto cerimonial - onde é preparado o alimento para os homens dignos - que podemos definir como aqueles que recebem além do alimento físico o espiritual, uma espécie de Iniciação - onde o adepto recebe o Conhecimento

2 - e de transformação que é o produto por assim dizer da Iniciação e conquista do Saber... o adepto se transforma ou transmuta-se em outro ser após obter o conhecimento...

Isso fica muito evidente ao longo da descrição das 6 linhas que compões o hexagrama.
nas linhas :
1° - o Ting está emborcado - não contendo conteúdo algum... aqui o Ting está sendo limpo dos refugos...

2° - há alimento no Ting mas o individuo não compartilha co os outros

3° - aqui as alças do Ting estão invertidas e então é impedido que o conteúdo seja servido... simbolizando alguém que apesar do conhecimento não é notado

4° - O Ting está com as pernas quebradas e a refeição é derramada... aqui uma advertência quanto à responsabilidade da tarefa onde o empenho deverá ser edobrado

5° - Aqui o Ting aparece com argolas de ouro -

6° - Aqui o Ting tem argolas de Jade- significando o sábio que aconselha - um Iniciado já realizado portanto...

Esses simbolismos de Graal, Ventre, Caldeirão, Cálice e Barca são sempre muito semelhantes... são todos veículos de Trasmutação que permitem alcançar a outra margem... isto é... Nirvana, Céu, Avalon, Plenitude, Iluminação, etc...

São simbolismos de Renascimento Espiritual

Ah! sim! havia me esquecido...

Barca - Arca de Noé ou Arca da Aliança - mesmo simbolismo...

todos que tocavam a Arca eram mortos ....

A Barca temos a de Caronte de Osires e das Sacerdotizas de Avalon - sempre carregando os mortos...

Vou fazer outra postagem sobre "a Barca"

e deixo aqui esse poema:


Filhos das Estrelas


Salve Filhos das Estrelas Brilhantes,
Vindos nas asas de Erin, pelas bênçãos de Dannan!
Mestres da magia, ouçam o nosso chamado,
Mostre-nos a pedra do destino, a Lia Fáil

Pela espada de Nuada, seja a justiça equilibrada
Nas verdades da Deusa e do Deus.
E que a lança de Lugh, o Brilhante,
Nos dê a vitória sobre o orgulho desmedido.

Que o caldeirão da transformação do Grande Dagda,
Possa nos renovar todos os dias,
Abençoando-nos com sua fartura e bem-aventurança.

Pela triqueta sagrada, se apresentem hábeis filhos,
Os Tuatha De Danann, pelo código de honra ao teu povo!
Tanto nos montes e nas florestas abaixo da terra,
Assim como, toda a terra acima de toda a terra.

Se façam presentes em nós, para que vossa sabedoria,
Possa nos levar adiante no propósito maior,
No principio da tua mais perfeita criação,
Em benefício de toda a humanidade.

Que a luz brilhe na escuridão e o amor guie os corações,
Na esperança do amanhecer, a eterna promessa.
Dos Filhos das Estrelas Brilhantes!

Um comentário:

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